Administrar um imóvel é uma tarefa que exige cuidado, conhecimento e responsabilidade. Muitos proprietários, buscando facilidades, optam por contratar imobiliárias para gerirem a locação de seus bens. No entanto, nem sempre essa escolha resulta em uma parceria realmente vantajosa.
Recentemente, têm surgido preocupações sobre a real atuação das imobiliárias no mercado de locação, e é essencial que os proprietários estejam atentos para evitar problemas futuros.
O que está em jogo? Quando um proprietário entrega a gestão de seu imóvel a uma imobiliária, espera que esta atue como uma verdadeira parceira, cuidando de cada detalhe para garantir a preservação e a valorização do bem.
Isso inclui não apenas a busca por inquilinos, mas também uma análise criteriosa de sua capacidade financeira e comportamento social. Afinal, o objetivo não é apenas garantir o pagamento do aluguel, mas também assegurar que o imóvel seja bem cuidado e que o inquilino seja confiável.
Porém, na prática, nem sempre isso acontece. Algumas imobiliárias têm priorizado o faturamento rápido, focando no recebimento do primeiro aluguel, que geralmente fica integralmente com elas, e nos 10% mensais de comissão. Essa abordagem pode resultar em um processo de seleção de inquilinos falho, onde o critério principal é a agilidade e não a qualidade do locatário.
Um dos mecanismos utilizados pelas imobiliárias para tranquilizar os proprietários é o seguro fiança. Esse seguro é apresentado como uma garantia de que, em caso de inadimplência, o proprietário não ficará desamparado. No entanto, o que muitas vezes é negligenciado é que a imobiliária pode acabar se acomodando com essa solução.
Por não terem o cuidado necessário na seleção dos inquilinos, muitas imobiliárias confiam no seguro-fiança como uma espécie de “guarda-chuva”. Isso significa que, para elas, o risco de inadimplência é minimizado, e o foco em garantir um inquilino adequado passa a ser secundário.
Como resultado, o proprietário pode enfrentar uma série de problemas, como atrasos no recebimento dos aluguéis, danos ao imóvel e até dificuldades no processo de despejo, já que muitas empresas que oferecem essa garantia não fazem um estudo detalhado da capacidade financeira do inquilino.
Além disso, há o risco de que a imobiliária, ao perceber que a situação está complicada, procrastine o aviso de sinistro para a seguradora. Como a imobiliária continua recebendo sua comissão mensal, muitas vezes ela não tem interesse em agilizar a resolução do problema, deixando o proprietário em uma situação de desamparo e atraso na resolução do caso.
Essa indiferença da imobiliária pode levar a um ciclo de prejuízos para o proprietário, que vê seu imóvel se depreciando enquanto o inquilino permanece causando danos no imóvel.
Para evitar que seu imóvel seja apenas mais um número na carteira de uma imobiliária, é fundamental que o proprietário seja proativo na gestão do bem.
Algumas dicas importantes incluem:
É preciso escolher imobiliárias de confiança: Procure referências e busque informações sobre a atuação da imobiliária no mercado. Converse com outros proprietários e verifique o histórico de resolução de problemas da empresa.
Acompanhe de perto a gestão: Não deixe toda a responsabilidade nas mãos da imobiliária. Mantenha-se informado sobre o processo de seleção de inquilinos e a situação do imóvel.
Exija transparência: Solicite relatórios periódicos sobre o estado do imóvel e sobre a situação dos pagamentos. Conheça os inquilinos e, se possível, participe do processo de escolha.
Conheça os detalhes do seguro-fiança: Entenda como funciona o seguro-fiança e quais são os seus direitos como proprietário. Certifique-se de que o seguro cobre todas as possíveis eventualidades.
Estabeleça uma comunicação clara e direta: Tenha uma linha de comunicação aberta com a imobiliária para discutir qualquer problema ou dúvida que possa surgir.
A decisão de contratar uma imobiliária deve ser baseada em uma análise cuidadosa e na certeza de que a empresa atuará como uma verdadeira parceira na administração do seu imóvel. Lembre-se de que, mais do que garantir um pagamento mensal, é preciso preservar o valor do seu patrimônio e evitar dores de cabeça futuras. Ao seguir as dicas acima e manter-se vigilante, você estará protegendo o seu investimento e garantindo a tranquilidade que tanto almeja.
MOISÉS TEIXEIRA, especialista em Direito Imobiliário.